Eu e a vida
Jorge Vercilo
Ai porra, lá vou eu escrever um post do tamanho de um bonde! Ocêis mi adiscurpa aí tá gente? Mas eu tenho que falar...
Hoje eu conversava com a minha amiga de trabalho sobre o post do meu filho... sobre os comentários que o post gerou, especialmente o comentário do Simão, que foi muito familiar. Vivi algo parecido em casa com meu pai.
Quero comentar esses comentários, até para me mostrar melhor a mim mesma... escrever aqui é uma forma de auto-análise.
Luisinha, como eu disse no seu blog, sei que magoei meu filho, e quando a minha raiva passar, e conversarmos, pedirei desculpas, como sempre faço, e ele também me pedirá desculpas como sempre faz. Por enquanto ainda "tô de mal".
É extremamente difícil ouvir falar de uma mãe que atacou o filho com palavras desse porte, geralmente é o contrário, principalmente tratando-se de um adolescente. Normalmente mãe é aquela que padece no paraíso, é incondicional, porém, e aí me refiro ao comentário do Simão, eu nunca me achei dentro dos padrões mesmo.
Quando li seu comentário, imaginei meu filho com sua idade falando de mim, depois de fazer alguns anos terapia, é claro!! Como hoje eu me refiro e compreendo meu pai.
Eu ficava muito irritada, já falei sobre isso em posts passados, com mães que criam seus filhos como capengas emocionais. Baseei-me na mãe dos meus dois ex-maridos, de amigos e também minha irmã. Essa mãe é aquela que não é amorosa, não se encaixa no padrão incondicional, sabe disso, sente-se culpada, porque afinal de contas, sendo mãe ela deveria se encaixar no padrão, e acaba compensando isso andando atrás do filho com uma pá recolhendo todas as merdas que ele faz.
E assim essa pessoa cresce achando que o mundo serve para servi-lo. Assim foi meu ex-marido (e ele é assim até hoje), daí vem minha impaciência com meu filho. Eu me esqueço que ele só tem 13 anos e não 47 como o pai.
Minha mãe já se foi há 22 anos, sua participação em minha vida foi legal, ainda que ela fosse uma pessoa pouco amorosa. Mas ela cuidava e eu absorvia. Só. Meu pai é que foi, e é foda de ausente!!
Há pais que acabam agindo como essas mães, Como é meu pai. Ausente, irresponsável com a família, carinho e amor eu sempre o vi dar aos filhos dos outros, porém ele concentrou-se em compensar minha irmã. Daí minha carência pela figura masculina forte, daí eu querer que meu filho com 13 anos tenha a responsabilidade que ele não está preparado para ter.
A ausência da figura masculina ou feminina na vida de uma pessoa faz muita diferença quando a gente cresce. Nem todo mundo tem uma família bem estruturada. Enfim...
Hoje, mais madura e com alguns anos de análise, eu compreendo que essas mães e pais que viraram mães e pais trazendo seus próprios problemas familiares como eu, de carências, de ausências, precisam de terapia tanto quanto eu precisei, como provavelmente sua mãe, Simão, precisa ou precisou.
Nem preciso falar que fui obsessivo-compulsiva, sofri de pânico, sou ansiosa e depressiva, talvez bipolar, porque disso eu já falei em outras ocasiões.
Aos 42 anos eu bato o pé como uma criança pirracenta, quando quero que as coisas sejam feitas a meu modo, do modo que eu acho certo. Talvez não seja o modo correto de agir, mas eu acho que os conceitos são corretos. Quero criar meu filho do jeito que eu acho certo, sem mentiras, com honestidade, responsabilidade. Coisas ainda não muito bem estruturadas na cabeça de um ser com 13 anos. Ou não...
Fernanda, apesar de meu filho não ter sido um descuido (mais ou menos), assim como sua amiga, eu o adoro, e também acho que não tenho vocação para ser mãe. Não sou maternal. Não aprendi a ser. Não fui maternalizada.
Estou falando da mãe que me referi lá em cima, aquela que padece no paraíso, que atura tudo, essa eu jamais conseguirei ser. Mas nem acho que deva. Assim como sua amiga, que talvez ache que deveria ser essa mãe.
Acho amar muito mais importante do que ser essa mãe que atura desaforos do filho e se deixa manipular. Ficou confuso? Desculpa gente, mas a conclusão que eu chego disso tudo é que ser mãe ou pai é muito confuso, eu não sei como ser, talvez nunca saiba.
Só espero que o moleque pegue o gosto por estudar, ganhe muito dinheiro na vida prá pagar uma boa terapeuta prá poder se compreender e me compreender no futuro.
5 comentários:
Jade, caríssima, tive três crises graves de pânico em 1995 e 1996, depois consegui controlar. A depressão sempre demandou boas doses de fluoxetina e similares. Difícil, não? Terapia: 15 anos intercalados, 10 consecutivos, até que não suportava mais olhar para a cara do terapeuta e saltei da litorina. Mais? A vida me parece um eterno aprendizado. E acho isso saudável, tem que ser assim, a meu ver.
Eu e minha mãe continuamos a ciclotimia crônica de nosso relacionamento e hoje sabemos que somos frágeis e fortes, fedra e ariadne, ícaro e dédalo, &c.
Como diz meu querido Augusto dos Anjos, "para essas lutas uma vida é pouca/inda mesmo que os músculos se esforcem./ Os pobres braços do mortal se torcem/ e o sangue jorra em coalhos, pela boca."
Amplexos às carradas!
Realmente é complicado ser mãe e só vc sabe a extensão dos problemas que são gerados na relação com seu filho... Por isso que prefiro não opinar... É muito difícil palpitar na dor alheia, porque a gente sempre tende a minimizá-la ou sugerir soluções rápidas, como se as relações fossem algo simples pra ser resolvido com um conselho... De toda forma, creio que todos que deixaram seus recados tinhan a boa intenção de ajudar... bjs
J2de, é isso mesmo: ser mãe ou pai não é nada fácil, não. Mas você acerta, de tanto que se esforça! O que não temos por vocação, a gente aprende, com esforço, por tentativa e erro, mas a gente chega lá.
Abraço grande e obrigada por partilhar tudo isso connosco, aqui na nossa,pequena mas unida, comunidade blogueira!
Jade,
De médico, monstro e doido todos nós temos um pouco, não é??
Você sabe bem que sou uma "Brega" de carteirinha mesmo, e não bastando uma romântica tola, mas isso não me faz de todo burra.
E sei o quando relacionamentos são complicados,todos os tipos de relacionamentos, sem sombra de dúvida.
Embora hoje eu tenha em meu pai o meu melhor amigo da vida, já tívemos uma fase muito dura, pois ele queria tanto nos poupar da brutalidade do mundo que acabava mais errando, do que acertando; era todo cheio de regras e normas (até nosso horário de tomar banha era marcado). Mas os anos se passaram e cada vez mais fui aprendendo que o amor dele por nós era tão imenso que tinha medo de ver qualquer tipo de sofrimento rondando nossas vidas.
E hoje nos amamos de forma divina, tenho uma família com mil problemas, mas a nossa união de amor vence sempre, somos um o apoio do outro.
E relacionamento com filho é mais complicado ainda, pois já passamos pela fase que eles passam agora e tentamos ao mesmo tempo "parecer mães modernas", mas no fundo queremos mesmo é dar a mesma proteção que tívemos ou as mesmas normas.
Seja o que for, o que não podemos de fato é perder a oportunidade de amar seja que for: pais, filhos, amigos... Pois não há melhor sentimento no mundo.
beijinhos
Eu fiz um comentário sincero, mas não precisa se punir pelas coisas que você disse... Agora é pedir perdão e evitar uma próxima vez.
Isso se vocês já não fizeram as pases, né?
Vou ler os outros posts.
Bjitos!
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