quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Respondendo...

- Você não acha essa vida uma complicação danada, Nazaré?
- Não acho não. Deve ser porque eu não tenho estudo, aí a gente pensa menos, vai levando como dá. Pensa demais, acaba endoidando.

(Lya Luft; As parceiras)

Simão, querido, dessa vez a resposta teve que virar post, você tem razão, acho que meu crime é pensar demais.

Quando a gente pensa demais, analisa, não se ilude, não se deixa convencer facilmente, e se torna pouco manipulável.

Em geral os homens têm o ego do tamanho de um bonde, já se acham tudo mesmo. Eu não sou tão exigente, um homem não precisa ser aquilo tudo que você disse, basta, basta ser efetivamente inteligente e bom de cama, é pedir demais? hehehehe!!

Brincadeiras à parte, eu estou aqui de vela acesa procurando um homem maduro, que não me trate como brinquedo na prateleira, quero especialmente respeito. Respeito não é ser fiel, nem ser mantenedor, nem ser dominado. Eu exijo respeito a mim, por ser um ser humano.

Como disse a Fernanda, "é melhor o casal andar de mãos dadas apreciando a vida..."

Pessoas imaturas são um inferno na vida da gente!! Há homens que se casam, sentem o peso da responsabilidade e passam a agir como crianças levadas. Quando a mulher não está por perto ficam caçando, paquerando, bancando os disponíveis.

É foda, depois de ter tido um trabalhão no post de ontem eu fui prá casa, só prá me aborrecer. Encontrei uns amigos no bar, e um deles, casado, começou a me cantar, como se me conhecesse ainda há pouco.

Ah porra, quem me conhece sabe que eu sou uma pessoa séria. Não vou prá botequim caçar, todo envolvimento que eu tive com o ficante, que conheci lá, se estendeu exatamente porque ele não está preso a nenhum relacionamento.

Além do mais, que respeito esse cara teria por mim, se ele acha que eu aceitaria que ele largasse a mulher, filhos para iniciar uma relação comigo? Não digo isso porque sou caretona, digo isso porque conheço a mulher dele pô!! Não desejo marido de amigas, que merda é essa?

Enfim, bebi demais porque fiquei com raiva, estou numa ressaca do cacete, puta da vida!! Não bebo mais e vou me afastar desse bar porque na hora que o bicho pegar, a filhadaputa, vagabunda, destruidora de lares serei eu!! Xá prá lá!

6 comentários:

Luísa T disse...

Até gostaria de não pensar tanto! Talvez assim eu me permitisse mais... Infelizmente não posso mudar esse ponto...

Quanto ao tal homem... eu teria perguntado a ele:

- Se ele tu não repeita a mulher com quem vai casar, que mulher no mundo vc respeita?

É um homem sem comentários...

Jana disse...

Acho que o meu problema é o mesmo que o seu, pensar de mais, acabo surtando na mesma proporção!

Beijos

Furlan disse...

Prezadas colegas, vou ajudá-las com a cabeça masculina:
1. Dificilmente um homem será mais maduro que uma mulher, tanto que esta conseguirá facilmente fazê-lo crer que ele é; idem para a inteligência.
2. Na cabecinha do homem, a mulher foi tirada da costela de Adão; logo, ela que não se atreva a, na linha ascendente que vai dos pés à cabeça, passar do pescoço (porque daí para cima pensa, logo agride - penso, logo agrido, vocês deveriam adotar por lema, plagiando aí um grande pensador).
3. Um homem nunca aceita argumentos femininos que suplantem os seus; logo, procurem fazê-lo crer que foi ele quem deu a idéia.
4. Mulher que tem blog-cabeça é perigosíssima, pois o janota vai entrar lá, não vai entender o que ela escreveu e, ao mesmo tempo, vai ficar ofendido, pois não sabia que as mulheres também escrevessem (escrever é sub-produto do pensar, razão por que é pecado).
5. Cuidado! Se vocês ganharem mais que o infeliz, ao fim do mês, procurem não demonstrar isso (a menos que ele queira viver a suas - de vocês - custas), pois é crime grave.
As que se insiram em dois destes avisos têm de mudar radicalmente sua posição, senão continuarão encalhadas ou então com problemas de relacionamento com o outro sexo (ah, não, o outro sexo é o de vocês, sorry).
Quem quiser contribuir com estas linhas, por favor, pois acho que não esgotei o rol de inseguranças e infantilidades masculinas - essas que impedem a Jade e outras mulheres-pensantes de entabularem namoros ou relações sérias duradouras.
Amplexos a todas!
p.s.: para que vocês querem homem, mesmo? Ê, mau gosto, sô!

Jade disse...

Ei Simão, vc é assim? Se não for eu quero namorar o Simão!!hahahahaha!!
E não se preocupe porque tenho certeza que vc ganha mais que eu!!

Codinome Beija-Flor disse...

Jade,
pensei 1000 vezes se comentava ou não. A tentação foi maior.
O bom da nossa amizade é que cada uma respeita o que a outra pensa, o que parece certo pra mim, pode não ser pra você. O importante é que o nosso respeito é maior que nossas opiniões opostas.
Embora eu não seja o ser mais "pensante" deste mundo, às vezes eu penso, poruqe na verdade eu dou preferência em "viver as emoções" e procuro não pensar de como serão as emoções.
Li, reli seu post.
Então "PENSEI" : "Ué! E se o outro lado (no caso aqui os homens) pensarem tanto assim também? Vão acabar chegando na mesma conclusão, não é?
Talvez seja melhor pensar menos e viver mais.
lembrei então de um texto que acho que bem parecido com o que "PENSO", quando "penso".

As Razões do Amor
Autor: Rubem Alves teólogo, filósofo e psicanalista brasileiro. Rubem Azevedo Alves nasceu em 1933, Boa Esperança, Minas Gerais. Famoso cronista.

Fonte: Crônica publicada no Correio Popular; Campinas; em 14/05/92

Os místicos e os apaixonados concordam em que o amor não tem razões. Angelus Silésius, místico medieval, disse que ele é como a rosa: "A rosa não tem "porquês". Ela floresce porque floresce."

Drummond repetiu a mesma coisa no seu poema As Sem-Razões do Amor. É possível que ele tenha se inspirado nestes versos mesmo sem nunca os ter lido, pois as coisas do amor circulam com o vento.

"Eu te amo porque te amo..." - sem razões... "Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo." Meu amor independe do que me fazes. Não cresce do que me dás. Se fosse assim ele flutuaria ao sabor dos teus gestos. Teria razões e explicações. Se um dia teus gestos de amante me faltassem, ele morreria como a flor arrancada da terra.

"Amor é estado de graça e com amor não se paga."

Nada mais falso do que o ditado popular que afirma que "amor com amor se paga". O amor não é regido pela lógica das trocas comerciais. Nada te devo. Nada me deves. Como a rosa que floresce porque floresce, eu te amo porque te amo. "Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários... Amor não se troca... Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo..."

Drummond tinha de estar apaixonado ao escrever estes versos. Só os apaixonados acreditam que o amor seja assim, tão sem razões. Mas eu, talvez por não estar apaixonado (o que é uma pena...), suspeito que o coração tenha regulamentos e dicionários, e Pascal me apoiaria, pois foi ele quem disse que "o coração tem razões que a própria razão desconhece". Não é que faltem razões ao coração, mas que suas razões estão escritas numa língua que desconhecemos.

Destas razões escritas em língua estranha o próprio Drummond tinha conhecimento, e se perguntava: "Como decifrar pictogramas de há 10 mil anos se nem sei decifrar minha escrita interior? A verdade essencial é o desconhecido que me habita e a cada amanhecer me dá um soco." O amor será isto: um soco que o desconhecido me dá?

Ao apaixonado a decifração desta língua está proibida, pois se ele a entender, o amor se irá. Como na história de Barba Azul: se a porta proibida for aberta, a felicidade estará perdida. Foi assim que o paraíso se perdeu: quando o amor - frágil bolha de sabão - não contente com sua felicidade inconsciente, se deixou morder pelo desejo de saber. O amor não sabia que sua felicidade só pode existir na ignorância das suas razões. Kierkegaard comentava o absurdo de se pedir aos amantes explicações para o seu amor. A esta pergunta eles só possuem uma resposta: o silêncio. Mas que se lhes peça simplesmente falar sobre o seu amor - sem explicar. E eles falarão por dias, sem parar...

Mas - eu já disse - não estou apaixonado. Olho para o amor com olhos de suspeita, curiosos. Quero decifrar sua língua desconhecida. Procuro, ao contrário do Drummond, as cem razões do amor...

Vou a Santo Agostinho, em busca de sua sabedoria. Releio as Confissões, texto de um velho que meditava sobre o amor sem estar apaixonado. Possivelmente aí se encontre a análise mais penetrante das razões do amor jamais escrita. E me defronto com a pergunta que nenhum apaixonado poderia jamais fazer: "Que é que eu amo quando amo o meu Deus?" Imaginem que um apaixonado fizesse essa pergunta à sua amada: "Que é que eu amo quando te amo?" Seria, talvez, o fim de uma estória de amor. Pois esta pergunta revela um segredo que nenhum amante pode suportar: que ao amar a amada o amante está amando uma outra coisa que não é ela. Nas palavras de Hermann Hesse, "o que amamos é sempre um símbolo". Daí, conclui ele, a impossibilidade de fixar o seu amor em qualquer coisa sobre a terra.

Variações sobre a impossível pergunta:

"Te amo, sim, mas não é bem a ti que eu amo. Amo uma outra coisa misteriosa, que não conheço, mas que me parece ver aflorar no seu rosto. Eu te amo porque no teu corpo um outro objeto se revela. Teu corpo é lagoa encantada onde reflexos nadam como peixes fugidios... Como Narciso, fico diante dele... No fundo de tua luz marinha nadam meus olhos, à procura... Por isto te amo, pelos peixes encantados..."(Cecília Meireles)

Mas eles são escorregadios, os peixes. Fogem. Escapam.

Escondem-se. Zombam de mim. Deslizam entre meus dedos.

Eu te abraço para abraçar o que me foge. Ao te possuir alegro-me na ilusão de os possuir. Tu és o lugar onde me encontro com esta outra coisa que, por pura graça, sem razões, desceu sobre ti, como o Vento desceu sobre a Virgem Bendita. Mas, por ser graça, sem razões, da mesma forma como desceu poderá de novo partir. Se isto acontecer deixarei de te amar. E minha busca recomeçará de novo..."

Esta é a dor que nenhum apaixonado suporta. A paixão se recusa a saber que o rosto da pessoa amada (presente) apenas sugere o obscuro objeto do desejo (ausente). A pessoa amada é metáfora de uma outra coisa. "O amor começa por uma metáfora", diz Milan Kundera. "Ou melhor: o amor começa no momento em que uma mulher se inscreve com uma palavra em nossa memória poética."

Temos agora a chave para compreender as razões do amor: o amor nasce, vive e morre pelo poder - delicado - da imagem poética que o amante pensou ver no rosto da amada..."

Joana Homem da Costa disse...

O post está lindo, não diria melhor e concordo com cada linha! tantas vezes já pensei nisso! Não poderia estar mais bem escrito! adorei!!!
E a lista de simão está demais! infelizmente têm toda a razão...esse nosso desafio nessa vida, conseguir criar relacionamento com esses seres estranhos...