Adelia Prado
Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo
o que não for natal como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
- só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?
Quando meu pai adoeceu e eu só descobri porque havia ligado para confirmar nosso almoço, eu lhe disse que não ficasse sozinho em casa e ele me disse: "filha, eu me preparei para isso... para ficar só."
E eu ando numa fase muito esquisita. Igualzinha a esse poema de Adélia Prado. Estou envelhecendo e ainda quero viver um relacionamento amoroso pleno com um homem maduro, não com esses idiotas infantis com quem me relacionei até hoje.
A princesa que habita em mim gostaria de namorar o homem perfeito. É perfeito sim, ou alguém aí quer que seu "the one" seja imperfeito para você? Mas até agora... só os idiotas mesmo!
E eu estou naquela idade em que as mulheres já casadas são santas e assexuadas (ou hipócritas e amarguradas), e as solteiras assustam-se com a falta de esperança, ou estão conformadas...
Mas eu nunca fui uma mulher convencional, que quer viver dentro do estereótipo, que morre de ciúme e faz cenas, que não deixa o marido fazer nada em casa porque homem não faz nada direito mesmo, que briga quando ele vai pro bar ou futebol, que larga seus filhos por causa dele, quando ele disputa a atenção!!
Tampouco sou homem, obviamente, mas tenho um pensamento muito masculino, tenho características tão específicas que me deixam cada vez mais mais afastada de um relacionamento mediano, seja amoroso, seja de amizade. Não consigo combinar com ninguém!!
No momento só combino trabalho, até porque em geral artistas estão mesmo fora da média!
Quem sabe estou começando a harmonizar e atrair as pessoas que mais se afinam comigo? Não tenho pensado nisso porque é dia dos namorados, até porque eu cago solenemente para datas em geral, não guardo nem aniversário de namoro (mais homem impossível).
Só me sinto um pouco triste porque não gostaria de continuar sozinha, parece coisa de gente amargurada, e eu sei que meu pai disse isso pra fazer tipo, porque ele adora uma chantagem!!
Enfim... sei que não sou santa, então... endoideci!!
4 comentários:
De certa forma esse post tem muitos pontos a ver comigo.
Eu quero viver um relacionamento, mas não me basta que o cara goste de mim. eu quero gostar desse cara, quero admirá-lo, quero ter prazer em sua companhia, quero que ele divida os momentos alegres e saiba me dar força nos momentos tristes, quero contar as horas pra estar com ele... Se isso é idealizar demais alguém, estou idealizando e ponto. Quero nada menos do que tudo... rs
Caso contrário, eu fico com meus pretendentes que aparecem aqui e ali, num bar, numa esquina, num cinema... Enfim, pela vida afora...
Beijocas
Sinceramente... nunca na minha vida conheci alguém que fosse maduro [para todas as circunstancias da vida]... é cada coisa que vejo em pessoas experiêntes fazendo babaquice infantil... aff...
tá... é... tbm sou imaturo pra minha idade... xD
:-P
estão tirando a "seriedade" da 'vida'[?]... sugiro que seja uma das causas...
Este poema sempre foi a minha cara. Sempre mesmo, antes de conhece-lo. Sempre. Desde criança a espera me parecia longa demais e eu velha demais para ficar tanto tempo só. Parecia não haver como o encontro não acontecer tarde demais e me restar muito pouco tempo para viver o amor verdadeiro. Por outro lado, sempre que amo, e não amei uma só vez, me parece estar exatamente tudo no lugar. Tudo perfeito. E, mesmo que não dure aparentemente, ou externamente, para mim, foi, em todas as vezes, para sempre.
Onde eu assino?
Por mais triste que pareça ser só, mais triste é ser só quando acompanhada.
Bjos
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