segunda-feira, junho 04, 2007

Separados pelo casamento: Esse post tem spoiler!!

"Todo dia é um novo dia
E se eu não for do jeito que espera que eu seja
Não veja isso como uma coisa ruim
Assim as nossas diferenças
Jamais serão nosso fim"
Condição humana,
Linox


Tento, por convicção respeitar os outros. Felizmente falho pouco, mas já falhei muito, porque na ânsia de mostrar o quanto respeito, acabei desrespeitando muitas vezes. Falhei muito em relacionamentos amorosos. Tropeçava quando havia paixão, porque a paixão é egoísta, quer recíproca e semelhanças.

Mais de uma vez soube de homens dizendo, a mim ou a alguém conhecido que tinham vontade de sair comigo, mas que tinham medo que eu grudasse no pé deles... tá, parte dessa afirmação vem do velho chavão: "não-quero-magoar-você-porque-não-quero-compromisso-mas-quando-quero-comer-você-não-penso-que-estou-lhe-magoando". É, ninguém é perfeito...

Enfim, quando tomei consciência de que agia assim, percebi que de fato parece que vou grudar no pé, então aprendi a controlar esse comportamento. Quem me conhece, conhece, quem não conhece, dê seu jeito, se conseguir ver através da minha transparência, parabéns, se não conseguir, azar o seu.

Porém esse comportamento também espanta, porque o sujeito quer sim que você grude no pé, porque ele quer uma justificativa para se isentar da responsabilidade de que não tem culhão prá encarar um relacionamento com alguém que o respeita, ou que de fato, quer apenas um sexozinho de vez em quando. Nada contra, mas gosto de freqüência... novamente, ninguém é perfeito.

Também já agi como percebo que muitas mulheres agem. Enquanto os homens pesquisam muito antes de se prender àquela que se encaixa melhor nos seus ideais, as mulheres querem moldar aos seus ideais, o primeiro que encontram.

Achei que meu ex-marido tinha um débito comigo e por muitas vezes eu cobrei. Cobrei um comportamento que ele não teve, que não tem até hoje, e eu queria que ele tivesse, mesmo não sendo mais a mulher dele. Guardei muito mágoa e rancor.

Eu precisava contar com alguém no casamento, e ele quer alguém resolvendo tudo por ele. Sei que agi de uma forma confusa, mas eu pensava que, assim como eu aprendi a ter responsabilidade quando minha mãe morreu, ele aprenderia a ter responsabilidade na vida em comum.

Quando meu filho nasceu, o trabalho dobrou, e o moleque sofreu com as cobranças que na verdade eram para o pai. Hoje nos entendemos, em vez de cobrar eu peço, pergunto, até consulto tudo que tem relação ao nosso filho. E meu filho não sofre mais com cobranças antecipadas.

Assisti ontem Separados pelo casamento, com o meu filho e vi meu casamento. No final do filme meu filho disse: "puxa mãe, eu pensei que eles iam brigar e ficar juntos no final".

E eu disse: "É filho, também pensei. Mas ela cansou de querer que ele fosse diferente né?"

Mas o que pensei foi que de tanto querer mudar o cara para ser como ela queria que ele fosse, ela vivia estressada, cuidando do marido como quem cuida de uma criança. Depois de surtar tentando dar uma lição para ver se pressionando ele mudava, ela cansou e entendeu que ele não ia mudar.

Quando ele, depois de ouvir do amigo que de fato a moça foi guerreira, porque ele só fazia mesmo o que ele queria sem pensar nela, ele pensou em mudar por ela, mas aí, ela tinha desistido e foi cuidar da própria vida.
Cada um só pode ser o que é, não podemos ser nada mais que isso. E se por isso estivermos fadados à solidão, paciência, ninguém pode enxergar quem você é apenas porque você quer e aceitar.

8 comentários:

Furlan disse...

Jade, prezada, o que eu faço com o seu blog e o da Fernanda?
Vocês, quando resolvem, batem mesmo é na boca do meu estômago. Se fôssemos três irmãos não seríamos tão parecidos.
Você me fez lembrar fortemente o mito Procusto, grego: ele tinha um leito de ferro sobre o qual deitava as vítimas que seqüestrava no meio de alguma estrada (sim, ele era um anti-herói, um malvadão, que ao final foi morto por Teseu, o bom moço safado que traiu Ariadne com Fedra). Se a pessoa fosse menor que o leito, ele a esticava até que atingisse o tamanho; se fosse maior, cortava as pernas para ficar do tamanho certo.
A lenda é cruel, é sangue e morte pra tudo o que é lado, mas a verdade é que nós vivemos fazendo com as pessoas o que Procusto fazia com suas vítimas: deitamo-las em nosso leito e queremos amoldá-las às medidas que conhecemos. E isso é assim a vida toda, uns fazem com os outros, cada um reage à sua maneira, afinal, como eu já disse um dia, aprendi muito cedo que as pessoas são diferentes, mas acho que vou até o fim da vida e não consigo aprender a conviver com essas diferenças.
E assim passamos a existência uns cobrando dos outros, e os outros cobrando dos uns... e nós cobrando de nós mesmos porque cobramos dos outros o tanto que os outros cobraram de nós, e por aí vai essa mixórdia, esse nó-de-górdio, inextricável, e que às vezes o amadurecimento, como se fôra uma espada de Alexandre, no-lo corta. Tomara que não seja tarde demais.
Sou assim também.
Amplexos mil!

Suzi disse...

J@de, ainda volto para ler os dois textos. Mas hj o dia foi corrido (retorno ao trabalho), e agora á noite, estou na "Semana Clímax da warner".
kkkkkkkkkkkk
Deixo um beijinho e volto depois.
;o)

Luísa T disse...

Passo de vez em quando pela armadilha de querer mudar o outro e posso dizer que é o de pior que podemos fazer...

Recentemente eu parei para olhar as coisas boas do meu casamento e não só o que queria que meu marido fosse... Tem dado certo, por enquanto, e espero que continue dando... Nossos dias ficaram mais leves e consigo olhar pra ele com bons sentimentos...

Parei para pensar se o saldo era positivo, se o que ele me dá compensa o que ele não me pode dar, ou não não ta preparado para dar... e ao fazer esse balanço vi que também falho muito e que ele nunca reclama de meus defeitos...

Enfim... parceiro(a) perfeito(a) simplesmente não existe! Ou aceitamos as pessoas com seus defeitos, ou se os defeitos forem insuportáveis nos separamos...

Bruno Cazonatti disse...

Poxa, o meu post está falando tal e qual...

Bjk
Brunø

Codinome Beija-Flor disse...

Jade, Jade....
O meu maior erro era querer "ME MUDAR" em função do outro, eu era tão BURRA, tão BESTA, tão IDIOTA, que achava se fosse como o outro queria seria feliz.
Como diz vc em bom português vai PQP, hj não mudo, jamais quero também, que quem quer que seja mude também, quero é ter a certeza de que são exatamente "as diferenças" que fazem o "diferencial" do relacionamento.
Beijinhos

Suzi disse...

Voltei.
Li tudo e nem liguei pro spoiler.

"Cada um só pode ser o que é, não podemos ser nada mais que isso. E se por isso estivermos fadados à solidão, paciência, ninguém pode enxergar quem você é apenas porque você quer e aceitar."

Pronto. Isso diz tudo. Talvez essa seja a parte do tal "soco no estômago", que o Simão disse aí em cima... Ao menos doeu aqui, no meu.

Rubi disse...

Tao pertinente, questoes tao importantes e que nos fazem sofrer e aprender. Como sempre Jade, uma mulher adulta com o MMMM grande. Beijao

Plushporn disse...

Você só pode estar blefando. Ninguém aprende isso aí assim fácil, antes dos 80, 82... rs

Dos posts que li em blogs, e não sou exatamente um blogueiro, foi o que mais gostei.

G.