quarta-feira, julho 16, 2008

Poema em debate.

Eu não gosto de blog de poesia, fico sem saber o que comentar e eu gosto de comentar em blogs! Entrar para dizer: "nossa que lindo, que profundo" não me bate a passarinha!

Mas eu gosto de poesia, dos poetas brasileiros. Poucos estrangeiros, porque eu não sou tão culta assim. Semana passada fui na casa do meu pai e achei uma pasta com vários poemas que escrevi dos 16 aos 22 anos, foi tão legal rever aquilo tudo, tá aqui no trabalho prá eu fazer uma triagem!!

Não, nem adianta implorar, não vou postar nenhum não, nem se preocupem, aqui nessa casa de ferreiro o espeto é de ferro mesmo!!

Pois bem, hoje, inspirada por um post do Ladies Room, na Revista Papo de Homem, fiquei pensando tanto nesse poema que achei legal desnudá-lo!

Soneto de fidelidade
Vinicius de Moraes

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Este poema é um dos meus preferidos, muito conhecido por suas duas últimas linhas, que são marcantes e soam muito bem aos ouvidos, embora muita gente não as entenda bem, tenho certeza disso!!

Deliciosamente declamado pelo próprio, junto com Tom Jobim, num programa que eu tive a honra de assistir na época que passou na televisão, e a sorte de hoje encontrá-lo no "iutubíu" para quem talvez não o entenda quando lê apenas as estrofes, entendê-lo quando falado.



Uma tradução perfeita de como um casal deveria conduzir sua relação!! Vinícius foi um homem de muitas mulheres, casado 9 vezes, mas deixa a impressão de que amou uma mulher de cada vez!!

Tem gente que depois um tempo passa a tratar seu/sua parceiro como um objeto da casa, procurando em outras pessoas o encantamento que havia encontrado em seu parceiro no início. Mas não quer dar fim à relação porque de fato ama seu parceiro, só está sentindo falta de paixão?

Então porque não cultivá-la? Amor não é como a paixão, que explode. Amor é aquela brasa que fica queimando depois da explosão da paixão, mas é preciso colocar carvão e abanar, senão o fogo apaga de vez.

Posso analisar?

Seu nome é Soneto de fidelidade (e não Soneto DA fidelidade), porque não é efetivamente uma exaltação à fidelidade, mas antes um ponto de vista de uma relação de verdadeiro amor.

Como agimos quando estamos apaixonados, e o quanto somos dedicados à nossa paixão - De tudo ao meu amor serei atento antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto.

E que ninguém se meta porque não terá atenção alguma, sabem, quando a gente está sozinha não encontra ninguém legal, mas basta começarmos uma relação, que aparece logo gente interessada, "exes" querendo voltar, amigos chamando prá balada, então - Que mesmo em face do maior encanto, dele (do meu amor) se encante mais meu pensamento. Nada, nem ninguém terá mais atenção do que meu amor!!

Um amor que desejo, seja vivido intensamente e exaltado, eu não tô nem aí pro resto do mundo, quero que todos saibam o quanto estou apaioxonado e o quanto me dedico ao meu parceiro, na alegria e na tristeza - Quero vivê-lo em cada vão momento, e em seu louvor hei de espalhar meu canto. E rir meu riso e derramar meu pranto, ao seu pesar ou seu contentamento...

Até que a morte nos separe - E assim, quando mais tarde me procure, quem sabe a morte, angústia de quem vive,

Ou se acabar, afinal de contas a paixão é uma chama - quem sabe a solidão, fim de quem ama.

Que seja sem ressentimentos ou arrependimentos - eu possa me dizer do amor que tive

Vivido tudo que aquele amor poderia dar, sabendo - que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito, enquanto dure.

Durante o tempo que durar essa relação devemos ser fiéis, mas não é a fidelidade social de não se ter um amante, mas a fidelidade do sentimento, de respeitar nosso amado em vez de deixá-lo abandonado para ir atrás de outros interesses.

O amor é para ser vivido dure o tempo que durar, mas é preciso sinceridade para que nunca usemos o outro para nos escorar quando nos sentimos inseguros e deixá-lo de lado quando estamos bem e interessados em outras coisas ou pessoas.

Afinal de contas, o amor deve ser demonstrado.

5 comentários:

Cris Medeiros disse...

Matou a pau mulé! Disse tudo e mais um pouco... eheh

Beijos

Anônimo disse...

Uiaaa!!!!
Que isso é inédito.
Vc falando de poesia (heheheheh)
Amaor é tudo isso sim.
Gostei, gostei.
Bjos

Carla Menezes disse...

Adorei, adorei! =D

:*

Anônimo disse...

me arrepiei!

um dia, qdo eu era adolescente, lááá atrás, destrinchei esse soneto. dessa forma entendi o q ele queria dizer.
e apresentei pra professora de literatura q disse o mesmo, ninguém entende dessa forma.
é lindo demais.
amo!

beijos.

Unknown disse...

Jade!

Teu blog, tem a cara lavada,
gostosa, de honestidade e
sinceridade, amo isso.
Não fiz o meu blog, como gostaria, com tempo,
para postar minhas opiniões e idéias,
hoje tenho um blog de poemas e nele
posto o que acho bonito e que tem significado, para
mim, o que sinto em cada momento.
Também já tive um caderno de poemas, acho que deve existir na casa da minha mãe, entre guardados, um
dia vou procurar para "me ver".

Beijo e felicidades!